O associativismo - a melhor escola de vida para aprender a condição humana
O dia de hoje, 10 de Julho, é por mim assinalado como uma efeméride. Um dia que registei na memória. Para mim é um dia histórico, uma marca na minha vida.
Neste dia, no ano de 1973, era presidente da direcção o meu amigo Hernani, foi aprovada a minha admissão como sócio da SFAL – Sociedade Filarmónica Agrícola Lavradiense. Um espaço de referência nas memórias dos meus dias.
Ali aprendi a sentir e viver tudo um pouco do que é humano – amor, amizades, ódios, invejas, alegrias, tristezas, maledicência, coscuvilhices, arte, desporto, cultura, poesia, música, politica, destruição de carácter, lágrimas de amizade, valores, liberdade, respeito, dignidade, vaidade, solidariedade, ingratidão, e, tantas, tantas realidades que fizeram de mim muito do que sou, sinto e penso, para o bem e para o mal.
Tornei-me apaixonado pela vida.
Tornei-me desconfiado.
Tornei-me apaixonado pela comunidade.
Tornei-me solitário.
Aprendi uma coisa essencial que nós somos com os outros, sim, só com os outros construímos, afinal, nós somos fruto das partilhas dos dias, do que recebemos, do que damos…do que amamos, do que sofremos.
Esta velhinha associação, a mais antiga colectivididade do concelho do Barreiro, foi a porta que se abriu para a minha integração na comunidade Lavradiense. A terra dos meus filhos.
Tenho uma divida de gratidão para com a sua história e para com as suas e minhas memórias.
Hoje, que assinalo 43 anos de vida associativa, continuo a sentir o muito que devo, mas com orgulho, sinto que também muito dei, sem querer nada em troca, apenas esse sentimento grato de servir e ajudar a construir um mundo melhor.
Quando olho para trás e recordo os dias que por ali vivi e vou vivendo, registo na minha memória como, de facto, ser associativista é viver em plenitude esse propósito de servir os outros e viver em paz com a consciência.
Viver em paz com todos os silêncios da nossa interioridade e ser feliz.
Porque, afinal, ser associativista, é viver uma missão única que dá uma energia interior, que só nós sentimos, uma felicidade que dá alegria, e, dá muito mais alegria quando, mais que palavras, há obra feita, há gerações que fruíram, há uma história de factos – isso nada nem ninguém apaga, por muito que os velhos do Restelo – ou os perfeccionistas – queiram apagar e mascarar, destruindo carácter, difamando, inventando. O tempo tudo esclarece.
Eu olho para trás e sinto-me feliz. E, hoje, olho para a dedicação da minha Lurdes e sua equipa, que percorrem os mesmos caminhos e nela encontro a mesma generosidade e entrega, e digo-lhe como admiro a sua coragem de continuar a dar com paixão o seu sentir e criatividade na formação de crianças e contribuir para manter abertas as portas da nossa velhinha.
Ela conta com uma equipa de jovens que gostam da vida associativa. Eles, tudo dão, voluntariamente, para dar vida à velhinha.
É que, de facto, viver e fazer associativismo nos dias de hoje, como sempre, só mesmo por amor e paixão!
O associativismo é a melhor escola de vida para conhecer e aprender o que é isso da condição humana nas suas vivências quotidianas.
É, por tudo isto, que tenho orgulho de ser associativista, porque, aqui, também cumpri o meu lema de vida – procura deixar o mundo um pouco melhor que o encontraste.
Fazendo!
É por isso que este dia 10 de Julho é para mim uma efeméride, apesar de não ser aqui que está a raiz desse meu sentir e gostar de viver os dias partilhando e construindo com os outros um mundo mais fraterno e solidário.
Ser associativista é viver os dias amando os dias e fazendo o que gostamos, e, isso, é que é belo!
Obrigado SFAL!
António Sousa Pereira
Sócio Honorário da SFAL
Cidadão «Barreiro Reconhecido» na área do Associativismo 2006